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Milton Nascimento retorna a Três Pontas em novo disco

Leia aqui em primeira mão o release oficial revisado pelo próprio Milton

Quando soube que os autores do livro "The Brazilian Sound" haviam colocado o município de Três Pontas (MG) no mapa da música mundial, Milton Nascimento decidiu que tinha que fazer alguma coisa. Quem conta esta história é o próprio Milton. "Desde a primeira vez em que eu tive acesso a este material levei um susto, porque saiu no livro assim: um mapa do Brasil com os estados, as capitais e o tipo de música. E quando apareceu Minas Gerais, eles colocaram a capital, Belo Horizonte, mas junto com ela colocaram também Três Pontas (MG). Daí eu fiquei maluco, tipo: 'Três Pontas?'. Porque, antes mesmo desse livro sair, a cidade já era muito visitada por japoneses e noruegueses. Agora, imagine (a visitação) depois desse livro, eu pensava que não havia mais tanta música em Três Pontas".

Decidido a resolver a questão pessoalmente, Bituca pegou um carro e saiu do Rio de Janeiro direto para a casa do músico Marco Elízeo (primo de Wagner Tiso), em Três Pontas, cidade localizada no sul de Minas onde Milton foi criado a partir dos dois anos de idade. Chegando lá, disse que estava preocupado, contou sobre o livro e perguntou se alguém ainda fazia música na cidade. Marco Elízeo não respondeu, mas preparou uma surpresa ao amigo, como relembra Milton.

"Ele me chamou para ir numa sinuca que tinha numa estrada de terra. Quando chegamos, tinha uma mesa com quinze rapazes. De repente, eles começaram a tocar. Então, o Marco começou a apresentar cada um deles e a dizer o instrumento que eles tocavam. Mas, para o Marco achar alguém bom, é porque tem que ser bom mesmo, porque ele não gosta de nada (risos). No dia seguinte, a gente foi para outra fazenda - num dia em que Marte ia se aproximar da Terra - e tinha mais um monte de rapazes e meninas tocando, fazendo vocais e tal. Então, eu pedi para que o Marco reunisse todo mundo na casa da minha irmã Jaceline, que eu ia comunicar que nós íamos gravar juntos. E quando eles souberam disso, foi caindo cada um para um lado. (risos). Quando acontece alguma coisa muito forte comigo, eu quero fazer algo que me emocione mais e, no momento, é este projeto com os meninos de Três Pontas" - revelou Bituca.

A primeira vez em que Milton reuniu o pessoal de Três Pontas para começar a gravação do disco foi em junho de 2009, no Bituca Estúdio, em sua casa, no bairro do Itanhangá - Rio de Janeiro. A partir de então, sempre que tinha uma folga em sua agenda de shows, Milton arranjava uma forma de continuar os trabalhos para o novo projeto. Diferente de outras épocas, o processo de gravação foi completamente independente. A Nascimento Música, selo criado por Milton em 2002 para cuidar de seus projetos, foi quem bancou todos os custos do disco, desde o pagamento dos músicos até as horas de estúdio. As gravações aconteceram em Três Pontas e no Rio de Janeiro, sendo finalizadas em junho de 2010, um ano depois da primeira sessão de estúdio e quase quatro anos após o lançamento do livro "The Brazilian Sound" com o mapa de Três Pontas.

E quem achava que o último resquício de música em Três Pontas havia sido nos anos 1960 e 1970, com a dupla Milton Nascimento e Wagner Tiso, vai se surpreender com as novidades. Intitulado "... E a gente sonhando", o novo trabalho traz canções inéditas e algumas regravações. A música que dá título ao disco jamais havia sido gravada por ele, e foi inspirada no cotidiano da Rua Rio de Janeiro - centro de Belo Horizonte. "... E a gente sonhando" foi composta no início dos anos 1960, quando Milton trabalhava como datilógrafo num escritório em BH. O trio formado por Milton, Wagner e Marco Elizeo também fez novos arranjos para músicas de João Bosco, Vitor Ramil, Tunai, Aldir Blanc e Lulu Santos. Além disso, Milton gravou jovens compositores que buscam espaço no cenário nacional, entre eles o carioca Pedrinho do Cavaco e os trespontanos Heitor Branquinho, Ismael Tiso e Clayton Prosperi.

Produzido por Marco Elízeo e Milton Nascimento, o disco conta com Wagner Tiso ao piano em onze das dezesseis faixas. Outro ponto interessante é a participação dos experientes Vittor Santos (trombone), Widor Santiago (sax), Nelson Oliveira (trompete) e Lincoln e Ricardo Cheib (bateria e percussão) que dividiram várias faixas com um coral de 23 jovens de Três Pontas selecionados pelo próprio Milton. "Todos os músicos que não nasceram em Três Pontas - e que tocaram comigo neste disco - eu fiz questão de nomear como os mais novos cidadãos trespontanos do pedaço" - finalizou Bituca.

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Danilo Nuha
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